Como todos que me seguem e convivem comigo sabem, estou estagiando com Lédio Carmona há quatro meses. Entre tantos aprendizados que tenho por lá, destaco um nesse momento: analisar, através dos comentários, como pensa a maioria das pessoas que nos visita – o que é um número considerável de pessoas, já que é um dos maiores blogs do país (momento merchan).
No texto que “dormiu” (como chamamos o último do dia, o que fica em cima) ontem, os comentários chamaram minha atenção. O post era sobre mais uma goleada do Santos (leia aqui), com direito a novo show de Neymar. Cinco gols e uma partida completa. Lógico que diante de mais uma atuação dessas, seria normal um ou outro pedir o garoto na seleção. O que me espantou é que está virando unanimidade.
Nunca tive pé atrás com esse time. É maravilhoso ver os garotos jogarem, um time repleto de craques, de jogadores habilidosíssimos e que aprenderam a jogar como uma equipe. Ninguém é fominha. A maioria dos gols vem de tabelas, jogadas trabalhadas, ensaiadas, contrariando o que seria normal em um time com média de idade tão baixa.
Mesmo com a contratação de Robinho, jogador de habilidade inegável e que chegou para comandar esse grupo, quem tem chamado atenção é mesmo Neymar. Joga demais. É mais completo do que Robinho era quando esse apareceu para o futebol no título de 2002. Naquele ano o craque era Diego. Robinho só deslanchou da final em diante. Neymar é cada vez mais unânime entre os fãs de futebol.
Por outro lado, não é a hora de Neymar na Seleção. Tenho um pé atrás quando a discussão é essa. Não só para agora. Aproveitando a comparação que fazem com Messi, digo que se assemelham em uma questão: precisam que o time rode em torno deles para que mostrem todo seu futebol. Neymar consegue isso na equipe armada pelo ótimo Dorival.
Messi também conta com esse esquema no Barcelona. Os jogadores estão sempre se movimentando, invertendo o jogo, mantendo a posse de bola, mas a “mágica final” é do Pulga. Maradona se recusa a fazer isso na Seleção Argentina. Utiliza Messi com a mesma importância que Verón, Higuaín, Di Maria ou quem for. Resultado: Messi, pela seleção, não é nem sombra do jogador que encanta o Camp Nou e o mundo.
Reforço minha tese com base nas atuações de Neymar na sub 17. Claro, são coisas totalmente diferentes, mas o Mundial da Nigéria não faz tanto tempo assim. Foi em outubro de 2009, e a seleção com Neymar, P. Coutinho e Zezinho, tida como favorita, decepcionou e caiu na fase de grupos. Neymar só marcou um gol e foi a principal decepção da equipe.
Falei disso no twitter e retrucaram dizendo “Luccas, seu pensamento é coerente, mas qualquer coisa é melhor que Júlio Baptista, Josué e outros brucutus dunguisticos..”. Bem, seguindo esses mesmos aspectos, Júlio Baptista merece a vaga na seleção (essa é a hora que sou xingado). Sim, é reserva da Roma, mas sempre que foi acionado com a amarelinha foi decisivo. Sempre. Vamos usar a final da última Copa América, quando JB entrou como titular. Muitos torceram o nariz, mas o meia foi um dos melhores em campo naquela final contra a Argentina. Não precisa provar mais nada.
Josué, sim, merece estar fora da lista. Nunca correspondeu o que Dunga esperava dele. A única boa partida que vi dele foi na vitória contra o Uruguai nas Eliminatórias, no jogo que Luís Fabiano conquistou sua vaga como titular e não mais largou. E foi só. Mas Neymar não disputa posição com Josué. Para o lugar dele temos Lucas e Hernanes. Ou até mesmo um outro meia, já que Elano e Ramires, já garantidos para a África do Sul, também jogam na posição. Aí entraria Ronaldinho Gaúcho, Alex, Diego...
Neymar é atacante, disputa vaga entre os quatro do ataque. Luís Fabiano, Robinho e Nilmar já estão lá – merecidamente, diga-se de passagem. A outra vaga é de centroavante. Adriano? Ah, aí eu prefiro deixar com Dunga.
Para fechar, Neymar vai ter sua chance depois da Copa. Isso é certo. Que aproveite da melhor forma e me prove que merece ser titular da Seleção. Eu não duvido. Só não é a hora dele.